O fenótipo de autismo feminino (FAF), apresenta características descritas nos critérios de diagnóstico atuais (dificuldades com comunicação e interação social, interesses restritos e comportamentos repetitivos e respostas sensoriais incomuns) com variações importantes.
Os sintomas de autismo nas mulheres não são muito diferentes dos homens. No entanto, os pesquisadores acreditam que as mulheres e meninas são mais propensas a camuflar ou esconder seus sintomas. Isso é particularmente comum entre as mulheres na extremidade de alto funcionamento/ altas habilidades do espectro do autismo.
👉🏽Relações sociais
Mulheres autistas podem ter menos deficiências sociais do que os homens; com níveis mais elevados de motivação social (o desejo e a intenção de fazer amizades com outras pessoas)(Head et al. 2014) Mas elas podem achar mais difícil manter amizades ou relacionamentos de longo prazo
👉🏽Interesses restritos
As mulheres autistas têm níveis mais baixos desses interesses do que os homens (Lai et al. 2015). No entanto, alguns argumentaram que os interesses restritos das mulheres autistas podem estar em áreas com fins relacionais, animais, temas interessantes, personagens fictícios ou psicologia (Grove et al. 2018; Nowell et al. 2019).
O interesse é visto como “apropriado” e menos estranho que nos meninos e isso reduz a probabilidade de um diagnóstico clínico.
👉🏽Problemas de internalização
Podem fazer parte da apresentação clínica típica, mas não são centrais do autismo. Em contraste com os problemas de externalização (impulsividade, agressão e dificuldades de relacionamento com os outros), na internalização, há dificuldades emocionais como ansiedade, depressão, automutilação e transtornos alimentares (Kovacs e Devlin 1998; Leadbeater et al. 1999).
👉🏽Camuflagem
Um aspecto particular do fenótipo feminino é o uso de estratégias conscientes ou inconscientes que podem ser explicitamente aprendidas ou implicitamente desenvolvidas, para minimizar características autistas em um ambiente social (Hull et al. 2017). Indivíduos que se consideram “deslocados”, sentem maior pressão para se encaixar socialmente, tentando adaptar seu comportamento. Mas o aumento da complexidade das situações sociais pode mudar ao longo do desenvolvimento, e as dificuldades podem se tornar mais aparentes à medida que o ambiente social se torna mais complexo (Mandy et al. 2018).
Embora a co ocorrência possa afetar o quadro, algumas mulheres são diagnosticadas erroneamente com transtornos de personalidade: Transtorno da Personalidade Borderline, Transtorno da Personalidade Esquiva, Transtorno da Personalidade Esquizóide, por exemplo. É importante reconhecer que esses diagnósticos às vezes podem obscurecer os pontos fortes e as dificuldades das mulheres que têm perfis de TEA leve.
Se você conhece alguma menina, indique uma avaliação com médico experiente no
assunto. Caso se sinta confortável, comente e ou compartilhe. Sua própria experiência é importante para que possamos acolher meninas e suas questões peculiares.
Referências
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