Uma mensagem clara é que "violência gera violência" - crianças que vivenciam violência têm mais probabilidade de serem enredadas em um ciclo de violência que leva a comportamento violento futuro, incluindo agressão, delinquência, crime violento e abuso infantil. Isso vale para todos os tipos de exposição à violência infantil, incluindo, mas não se limitando à violência comunitária.
A exposição à violência na comunidade está entre as experiências mais prejudiciais que as crianças podem ter, afetando o desenvolvimento cerebral e a forma como pensam, sentem e agem.
Crianças expostas à violência têm maior probabilidade de ter dificuldades na escola, abusar de drogas ou álcool, agir agressivamente, sofrer de depressão ou outros problemas de saúde mental e se envolver em comportamentos criminosos quando adultos.
Para crianças muito pequenas, a exposição repetida à violência comunitária pode contribuir para problemas na formação de relacionamentos positivos e de confiança necessários para que as crianças explorem seu ambiente e desenvolvam um senso de identidade seguro. Dificuldades em formar essas relações de apego podem interferir no desenvolvimento de um senso básico de confiar e comprometer relacionamentos futuros até a idade adulta.
Particularmente preocupante é o efeito dessas experiências no cérebro em desenvolvimento da criança. Além disso, como o cérebro se desenvolve de forma sequencial, as interrupções no início da vida podem colocar em movimento uma cadeia fisiológica de desenvolvimento que se torna cada vez mais difícil de interromper.
Para crianças que são “incubadas no terror”, as adaptações neurobiológicas que permitem que a criança sobreviva em ambientes violentos podem levar à violência e problemas do neurodesenvolvimento que prejudicam a aprendizagem e a saúde mental, com consequências graves a longo prazo.
A exposição excessiva à violência comunitária cria um estado constante de medo, ativando o aparato de resposta ao estresse no sistema nervoso central. Isso pressagia uma série de resultados problemáticos, incluindo hipersensibilidade a estímulos externos, uma maior resposta ao sobressalto e problemas com a regulação do afeto. Essas reações preparam o terreno para problemas de saúde mental, alterações cognitivas ao longo da vida e comportamentos desajustados.
Para algumas crianças (principalmente meninos), viver sob a mira da violência constante, leva à hipervigilância à ameaça, atribuição incorreta de intenção e vontade de endossar a violência. À medida que esses padrões de cognição se tornam cada vez mais estáveis com o tempo, podem levar a padrões característicos de pensamento e ação associados à agressividade e comportamento violento que se perpetuam.
Em essência, esses esquemas internalizados sobre a necessidade e adequação da agressão servem como mecanismos por meio dos quais a violência comunitária contribui para futuras agressões e violências, criando um ciclo de desigualdade de oportunidades, jovens expostos a criminalidade e políticas de “insegurança pública” sem projetos que representem os que mais precisam de proteção.
Quais as necessidades das crianças para seu pleno desenvolvimento?
🍎⚽️📚
1. Elas precisam ser supridas nas suas necessidades diárias (nutrição e estímulos)
🐶
2. Elas precisam se sentir seguras e protegidas
🧡
3. Elas precisam de carinho e abraços amorosos
🥰
4. Elas precisam de elogios
😃
5. Elas precisam de sorrisos
👀
6. Elas precisam que conversem com elas
🗣
7. Elas precisam ser ouvidas
🧠
8. Elas precisam aprender coisas novas
👍🏼
9. Elas precisam que seus sentimentos sejam reconhecidos
👏🏼
10. Elas precisam receber recompensas por esforços reais
Como podemos diminuir a violência no futuro sem cuidar das crianças que vivem a violência como estimulo real em suas vidas?
Referência:
Mueller I, Tronick E. Early Life Exposure to Violence: Developmental Consequences on Brain and Behavior. Front Behav Neurosci. 2019