O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o Transtorno do espectro autista (TEA) se parecem. Nos estágios iniciais, não é incomum que TDAH e TEA sejam confundidos um com o outro.
Crianças com essas condições podem ter problemas de concentração, impulsividade, ou dificuldade em se comunicar. Problemas na escola e com tarefas escolares são comuns, além de dificuldade em seus relacionamentos.
Em uma revisão de 2014 de estudos que examinaram a co-ocorrência de TDAH e TEA, os pesquisadores descobriram que entre 30 a 50 por cento das pessoas com TEA também têm sintomas de TDAH.
Ambas as condições podem estar ligadas à genética. Um estudo identificou genes que podem estar ligados a ambas as condições. Esse achado pode explicar por que autismo e TDAH costumam ocorrer na mesma pessoa.
QUAL A DIFERENÇA?
Os critérios diagnósticos básicos para as condições permanecem distintos no DSM-5: deficiências de comunicação social mais comportamentos restritos e repetitivos para autismo; e desatenção ou hiperatividade e impulsividade, ou uma combinação, para o TDAH.
Pessoas com autismo lutam para se concentrar em coisas que acham irrelevantes, como ler um livro ou montar um quebra-cabeça. E podem se fixar em outras que gostam, como brincar com um brinquedo específico. O foco pode estar em alguns detalhes, uma peça, uma mesma maneira de brincar, com tendência ao hiperfoco. Crianças com TDAH tem muita resistência em fazer coisas que exigem concentração, e querem mudar de atividade o tempo todo.
As crianças com qualquer uma das condições não interagem com outras pessoas de forma fácil. No caso do autismo têm menos consciência social das outras pessoas ao seu redor e têm dificuldade em expressar com palavras seus pensamentos e sentimentos e podem não ser capazes de apontar para um objeto que dê sentido a sua fala. Também acham difícil fazer contato visual.
As crianças com TDAH, por outro lado, pode falar sem parar. Eles são mais propensos a interromper quando alguém está falando ou intrometer-se e tentar monopolizar uma conversa. Algumas crianças com autismo podem também falar por horas, porém escolhem um assunto específico e têm
muita dificuldade em ouvir o outro ou mudar seu repertório.
Uma criança autista adora ordem e repetição, enquanto a com TDAH tende a ser mais desorganizada. No caso do TEA, escolhem sempre a mesma comida em um restaurante favorito, ou se apegam demais a um brinquedo ou camisa. E quando as rotinas mudam, podem se sentir chateados ou ter crises emocionais. A criança com TDAH não gosta de fazer a mesma coisa novamente ou por muito tempo e são mais flexíveis e curiosas com as novidades.
No entanto, tanto no TDAH quanto no TEA, as condições podem envolver atrasos na linguagem, respostas sensoriais intensificadas, comportamento desafiador, problemas com a regulação das emoções e dificuldade com o planejamento e com o comportamento inibidor. Ambos também aparecem na infância e são diagnosticados com mais frequência em meninos.
O diagnóstico assertivo mais precoce ajuda as crianças a receberem o tratamento de maneira objetiva e com menores impactos e sofrimento.
Em alguns casos, distinguir é difícil até para os profissionais que atendem estas crianças, mas é importante o tratamento correto.
E COMO É O TRATAMENTO?
No caso do TDAH, crianças mais novas começam com terapia comportamental, e o médico pode prescrever medicamentos para as maiores, se os sintomas não melhorarem e causarem impactos escolares, emocionais ou sociais. Os sintomas de TDAH e seu tratamento podem mudar com o tempo.
Diferentes tipos de terapia - comportamento, fala, integração sensorial e ocupacional, ajudam crianças com autismo a se comunicarem e se ajustarem melhor.
Não há cura para o TEA, mas sintomas como dificuldade de foco, irritabilidade e ansiedade, quando tratados, melhoram muito a vida das crianças.
Na adolescência e idade adulta, os sintomas no TEA leve podem passar despercebidos e a pessoa pode estudar, trabalhar, formar sua própria família mas importante que esteja consciente sobre suas características e encontre apoio afetivo e social.
Estamos olhando para uma condição que está em um continuum ou duas condições distintas? Acho que ainda não sabemos a resposta.
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Referências: